segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sonhos 1

Há quase 3 anos atrás, no mês de meu aniversário, ganhei dela um caderno, a ser usado como diário, com o tema do Pequeno Príncipe, personagem de Saint Exupéry com quem me identifico. Comecei o diário falando sobre um sonho que tive numa noite de sono.

"1º Dia:
Sonhei com várias coisas confusas que não me lembro mais. Mas como em todo sonho confuso que tenho, neste algo restou como lembrança, ou marca. Juntamente a várias pessoas, eu trabalhava no preparo de cimento para reformar alguma estrutura, da qual não me lembro. E havia uma mata ao nosso redor".

Tempos depois, lendo o livro "As Brumas de Avalon", um romance de Marion Zimmer Bradley que reconta a história do Rei Artur na visão das mulheres em seus bastidores, me identifiquei bastante com a ideia de sonho na qual o povo de Avalon acredita. Para este povo, existe um mundo dos sonhos, confuso e impreciso, por onde nosso espírito pode vagar apenas quando dormimos. Quando vagamos por este mundo, nosso espírito pode ser atingido ou alcançado por elementos do mundo real, sons, imagens, sensações, emoções e revelações. Como essa influência é muito inconstante, é necessária sabedoria para que cada sonho seja compreendido individualmente por quem o sonhou.

terça-feira, 20 de março de 2012

Lembranças do olhar 1





Os olhos são as janelas da alma, da psique. Pelo olhar nos abrimos, nos expomos, despindo nossos sentimentos, virando a pele e a carne às avessas e deixando nu nosso próprio interior. E quanto mais um olhar se concentra, mais fundo os olhos mostram o que se pensa.

Lembrança 1:
De tempos em tempos, quando ela passa por momentos profundamente reflexivos, que já chegaram a durar dias, seus olhos se tornam parcialmente espelhos, expressando com perfeição e beleza o estado de sua alma. Sinto-me um detetive a observar através de um daqueles espelhos que refletem de um lado, a investigar alguém que só consegue ver sua própria imagem repetida, seu próprio reflexo. É a mente olhando pra si mesma, conversando com ela própria, com suas ideias e lembranças, seus sentimentos...

Lembrança 2:
Lembrei agora que ela sentia medo no início, quando eu a fitava, achando ela que eu iria descobrir, desvendar todos os seus segredos. Há muito tempo não a olho assim, naquela época era algo incontrolável. Hoje o encanto e a curiosidade são calmos e pacientes, não devoram mais. Acho que com o passar dos dias, meses e anos, ela vem me ensinando a tomar cuidado com o meu olhar, que consegue ferir tanto quanto palavras cruéis...

Lembrança 3:
Gosto de observar olhos, pulsando, coloridos pela própria íris, que também concede certo relevo ao olhar. A pupila, infinita e estreita, como se fosse explodir a qualquer momento, mostrando o vazio escuro repleto de mistérios quase ilegíveis... 

Olhos me embriagam...